Ex-goleiro foi vítima do mesmo crime quando jogava pelo Santos, em partida contra o Grêmio, no Rio Grande do Sul Luighi chora e pede providências da Conmebol após caso de racismo em Cerro Porteño x Palmeiras
Vítima de racismo em 2014, na Arena do Grêmio, quando defendia o Santos como visitante em Porto Alegre (RS), o ex-goleiro Aranha, também com passagem pelo Palmeiras, manifestou apoio a Luighi.
O atacante do Palmeiras desabafou e chorou após sofrer ataques racistas durante a vitória por 3 a 0 contra o Cerro Porteño, pela Libertadores sub-20.
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- Queria deixar meus parabéns e minha admiração pela coragem e pela força que ele teve não apenas de exigir respeito, mas também de mostrar indignação e expor genuinamente os sentimentos. O choro será criticado por muitas pessoas, mas mostra o quanto dói. As lágrimas dele falam mais do que qualquer palavra - disse Aranha em entrevista ao ge.
Ex-goleiro Aranha
ge
Após se deparar com um torcedor imitando um macaco na lateral do campo, Luighi chorou muito no banco dos reservas e se revoltou durante a entrevista pós-jogo pelo fato de o repórter não ter feito qualquer menção ao ocorrido.
- Ele se posicionou de maneira exemplar e mostrou o sentimento dele. Mas fica um alerta também para ele tomar cuidado porque é um caminho longo e cheio de inimigos. Tem que tomar muito cuidado com a forma de falar, com quem falar e tentar entender cada vez mais sobre essa pauta.
O ex-goleiro, que vive em Pouso Alegre (MG) e que além do Santos teve passagem também por Ponte Preta e Palmeiras, destacou que o racismo precisa ser combatido a partir de punições exemplares contra os agressores.
Ex-goleiro foi vítima do mesmo crime quando jogava pelo Santos, em partida contra o Grêmio, no Rio Grande do Sul
Diego Guichard
- O combate precisa partir de três pontos. O primeiro é a punição. Já vimos que conversas não adiantaram, então a gente precisa de punição para conter essas atitudes e não normalizá-las. Em segundo lugar, precisamos preparar os jogadores desde a base, mostrando a história do esporte e do Brasil. Eles precisam crescer de forma consciente para saber o que vão enfrentar. Assim todos saberão a maneira certa de se posicionar
- O último ponto é que a gente precisa mudar essa nossa cultura de ficar quieto. Os agressores precisam de duas situações para se manifestar: conforto e segurança. Eles sabem que ao cometer uma injúria racial ninguém em volta vai incomodar. E também se sentem confortáveis porque na maioria das vezes quem está ao redor vai ficar em silêncio, dar risada ou compactuar. A gente precisa tirar essa zona de segurança dos agressores.
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Aranha foi atleta profissional por 18 anos. Atualmente, o ex-jogador é escritor e já possui dois livros lançados: "José Patrocínio" e "Brasil Tumbeiro". As obras contam a história da comunidade negra no Brasil.