anuncie

Sobre(viver) através de arte: a ajuda do teatro no autoconhecimento de uma mulher trans em Rondônia

Por Virtual Rondônia em 29/06/2022 às 10:05:17
Série do g1 conta a história de pessoas da comunidade LGBTQIA+ que se descobriram através da arte. Além de atriz, Rafa é produtora de uma festa voltada à comunidade LGBTQIAP+. Além de atriz, Rafa também é organizadora de uma festa voltada especificamente para a comunidade

Arquivo pessoal

"No teatro a gente trabalha com corpo. Então o meu instrumento, minha plataforma de arte, é o meu próprio corpo e eu não consigo trabalhar com ele se eu não tenho minhas questões resolvidas".

Com essa fala, Rafa Correia, de 24 anos, exemplifica como o curso de teatro cooperou no seu processo de autoconhecimento como uma mulher trans e a relação com o próprio corpo em transição.

Essa reportagem faz parte da série "Sobre(viver) através de arte", que conta as histórias de jovens rondonienses da comunidade LGBTQIAP+ que utilizam a arte para expressar a própria identidade, medos, desejos e vivências. Confira a história de Rafa:

A vida imita a arte e a arte cria vida

Rafa entrou para o curso de teatro da Universidade Federal de Rondônia (Unir) por indicação da mãe, que é formada em artes visuais. Porém, foi um "acaso" que acabou transformando a sua visão da arte e também da própria identidade.

LGBTQIA+: entenda o que significa cada letra da sigla

"Eu entrei no curso para experimentar mesmo, mas a partir do momento que eu entro, me identifico. E no momento em que você está em contato com a arte e começa a produzir, querendo ou não ela fala sobre você, sobre o artista. Então foi aí também que eu comecei a descobrir meu processo de transição".

Através do curso, Rafa começou a atuar em peças e espetáculos teatrais em Porto Velho. Recentemente ela fez parte da leitura dramatizada "Fegues", que abordou homofobia, transfobia, racismo e outras violências contra a comunidade LGBTQIAP+.

Rafa, mulher trans, fala sobre autoaceitação após fazer teatro

Reprodução/Facebook

"Minha personagem é baseada no meu processo de reconhecimento enquanto pessoa trans e expressão da minha feminilidade. Em cena, dou relato de quando era adolescente e minha relação com escola, igreja, amigos e meu processo com a medicação dentro da transição".

LEIA TAMBÉM: Saiba como fazer a retificação do registro civil gratuitamente em Rondônia

Acolhimento para a comunidade

Além de atriz, Rafa também é organizadora de uma festa voltada especificamente para a comunidade LGBTQIAP+ em Porto Velho. Criada em 2016 apenas para os amigos, a Ptzão cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos por ser um local de acolhimento para a comunidade.

“É importante a gente criar espaços seguros para nós, espaços que sejamos bem vindas e, principalmente, estejamos entre nós. A comunidade pode muito bem ir a outros espaços, só que nem sempre a gente vai se sentir segura, se sentir confortável, se sentir à vontade”.

Outro ponto importante para a fundadora da festa, é a inserção e envolvimento da comunidade e a geração de renda para essas pessoas.

Imagem da festa organizada por Rafa, em Porto Velho

Arquivo pessoal

"Quando se pensa em uma festa não é só um momento de curtição, tem toda uma organização, uma equipe, uma geração de renda. Eu acho que uma das partes mais importantes também é dar palco, dar visibilidade, ter esses espaços pra gente".

Rondônia tem o menor índice de pessoas que se declaram heterossexuais no país, revela IBGE

No Mês do Orgulho LGBTQIA+, saúde da população trans e travesti é motivo de reclamação em Rondônia

Primeiro casamento homoafetivo em Rondônia surgiu através de um webnamoro

Festival das Bee

Recentemente, Rafa também desenvolveu um projeto chamado "Festival das Bee", beneficiado com recursos da lei Aldir Blanc, de incentivo à cultura. A ideia surgiu quando ela percebeu que quase não existiam propostas beneficiadas que eram voltadas à comunidade LGBTQIAP+.

O evento teve o envolvimento de 45 pessoas em sua execução, majoritariamente da comunidade, entre eles gays, lésbicas, trans e travestis. Foram ofertados oito dias de lives com programações voltadas ao público LGBTQIAP+, como apresentações musicais, debates, aulas de dança, sarau e apresentações de drags queens.

Rafa também desenvolveu um projeto chamado "Festival das Bee"

Arquivo pessoal

A existência queer através da arte

Você acha que a arte tem um significado especial para pessoas da comunidade LGBTQIA+?

"A arte é a plataforma de expressão, então quando a gente pensa em arte, eu posso produzir para determinado sentido, só que isso muda pra cada pessoa. E eu penso que é uma forma de me expressar, uma oportunidade, um espaço, eu crio esse espaço, eu crio essa arte e eu posso me relacionar com isso de diferentes maneiras. O meu corpo, eu ser uma mulher trans, por si já traz uma simbologia”.

*No próximo episódio da série "Sobre(viver) através de arte”, o g1 conta a história de Matheus Henrico e sua expressão artística com a drag queen "Matth", que começou inesperadamente e acabou se transformando em seu trabalho e vida.

LEIA A 1ª REPORTAGEM DA SÉRIE:

Cantora bissexual escreve músicas sobre amor entre duas mulheres em RO

VÍDEOS: Veja mais notícias de Rondônia

Fonte: G1 RO

Comunicar erro
LANCHE DA JAPA

Comentários

anuncie aqui