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Melhor time da Europa no momento, Liverpool não tem um camisa 9 clássico, assim como Arsenal, Flamengo e até o Bahia de Rogério Ceni Manchester City 0x2 Liverpool | Melhores momentos | Campeonato InglêsLíder do Campeonato Inglês e da primeira fase da Liga dos Campeões, o Liverpool é o melhor time da Europa no momento. A vitória tranquila sobre o Manchester City, por 2 a 0, e depois sobre o Newscastle, pelo mesmo placar, deixou clara a soberania: são 13 pontos de vantagem sobre o vice-líder Arsenal, com um jogo a menos.+ ?Clique aqui para seguir o novo canal ge Futebol Internacional no WhatsAppAlém de ter sido fora de casa contra o maior rival dos últimos anos, o resultado praticamente encerrou as chances do Manchester City na Premier League. Liverpool joga sem atacantes contra o CityO esquema tático adotado por Arne Slot também chamou a atenção. O treinador decidiu enfrentar o City sem um centroavante de ofício. O time se organizou em um 4-2-4 com Curtis Jones e Dominik Szoboszlai ocupando o setor central do ataque, como você vê na imagem abaixo:Liverpool jogou sem centroavantes contra o Manchester CityReprodução+ Salah evita falar de Bola de Ouro: "Vamos ganhar a Premier League, a Champions e veremos"+ Artilheiros da Premier League 2024/25: veja ranking atualizadoO esquema, embora incomum, funcionava como um 4-2-3-1 altamente móvel, sem um centroavante fixo. Jones e Szoboszlai atuavam como uma verdadeira dupla de ataque, recuando para buscar a bola com os volantes e abastecendo Luis Díaz e Mohamed Salah na frente. Quando necessário, avançavam à área, alternando movimentação e finalização.O segredo estava na constante troca de posições, especialmente entre os pontas e laterais. A imagem mostra como os laterais avançam, permitindo que Salah e Díaz se aproximem mais do gol. Nesse momento, Jones e Szoboszlai assumem o papel de centroavantes, prendendo a linha defensiva do City e abrindo espaço para Szoboszlai finalizar com precisão.Movimentação do Liverpool tem Salah e Díaz mais próximos da áreaReproduçãoUma vitória como essa se torna ainda mais emblemática quando do outro lado está o melhor camisa nove do mundo. Erling Haaland, o principal jogador do Manchester City, até tocou na bola, mas assim como todo o time e o treinador Pep Guardiola, foi abaixo das expectativas. A chegada de Haaland no City foi um movimento importante no mercado europeu e fez escola. Nos últimos anos, não foi raro ver clubes pagando fortunas por centroavantes que acumulam gols rapidamente, vendidos como promessas de sucesso imediato. Basta olhar para os investimentos do Barcelona em Vítor Roque ou a aposta do Real Madrid em Endrick.Vitor Roque é expulso contra o Gent por um pisão em um adversárioEFE/José Manuel VidalFlamengo e Bahia reproduzem tendência no BrasilMas nem todo clube quer colocar todas as suas fichas em um único homem-gol. O Liverpool e vários times no mundo, inclusive no Brasil, mostram que a ausência de um centroavante pode ser vantajosa e permite a formação de equipes mais coesas e ofensivas.O Flamengo de Filipe Luís ilustra bem essa tendência. Sem contar com Pedro, o treinador implementou um ataque dinâmico, revezando Bruno Henrique, Plata e, ocasionalmente, Juninho no setor ofensivo. Bruno, que há anos atua na referência, nunca foi um camisa 9 clássico. Sua movimentação constante e o toque de bola ágil abrem espaços e potencializam o jogo coletivo da equipe.Filipe Luís passa instruções durante Flamengo x VascoAndré DurãoNa vitória contra o Vasco, ele não ficou preso à marcação dos zagueiros e ajudou a construir jogadas com Arrascaeta. Contra o Maricá, ele repetiu o mesmo movimento e muitas vezes invertia posições com Gerson, que atuou em vários papéis nesse começo de temporada no Flamengo. Apesar de características muito diferentes, a movimentação de Bruno Henrique lembrava a de Curtis Jones pelo Liverpool.Flamengo 2 x 0 Vasco | Melhores momentos | 10ª rodada | Campeonato Carioca 2025Contra o City, Arne Slot preferiu prender os dois volantes para liberar os laterais. Já Filipe Luís gosta que os laterais e zagueiros troquem de posições e cheguem no ataque. Seja com Varela ou Wesley, o lado direito é muito forte no Flamengo e tem até Danilo chegando na frente, compondo o ataque móvel em que não há uma referência entre os zagueiros, como você vê na imagem.Flamengo não tem um centroavante clássico na referênciaReproduçãoOutro exemplo é o Bahia de Rogério Ceni, que teve um primeiro turno brilhante no Brasileirão sem um centroavante fixo. O esquema 4-3-1-2, com um losango no meio, fazia com que Thaciano e Everaldo tivessem uma movimentação frenética pela frente. Cauly e Jean Lucas viraram meias e chegavam de surpresa na área, com Éverton Ribeiro orquestrando tudo um pouco mais recuado, como um típico "regista". Mecanismo de ataque do Bahia: ataque incisivo e meias por trásReproduçãoExemplos anterioresSe Bahia e Flamengo são exemplos recentes, há diversos times no mundo que não precisaram pagar milhões num camisa nove para serem vencedores.O Chelsea venceu a Liga dos Campeões com Kai Havertz como referência, mas perdeu fluidez ao contratar Lukaku na temporada seguinte. O Arsenal melhorou ao trocar Aubameyang por atacantes mais móveis, como Lacazette, Gabriel Jesus e Havertz.E quem lembra do primeiro semestre do Corinthians em 2018, com Fabio Carille? Ao perder Jô para os milhões da China, o treinador inovou e montou um ataque com Rodriguinho e Jadson como meias centrais, de forma muito semelhante ao Liverpool. Clayson e Romero eram os pontas na campanha vencedora do Paulistão daquele ano.É o fim do camisa 9 clássico? Talvez muito cedo para afirmar. Afinal, tudo depende do contexto e do adversário. Fato é que o jogo atual exige mobilidade, versatilidade e pressão intensa, e até centroavantes clássicos atuais, como Haaland e Benzema, unem versatilidade e mobilidade para oferecer a movimentação cada vez mais necessária para quebrar defesas fechadas.Mais Lidas