Série do g1 conta a história de pessoas da comunidade LGBTQIA+ que se descobriram através da arte. No Dia do Orgulho LGBTQIA+, o g1 lança a série “Sobre(viver) através de arte”, que conta as histórias de jovens rondonienses da comunidade que se descobriram através da arte e se utilizam dela para expressar a própria identidade, medos, desejos e vivências.
A primeira personagem da série é a Géssica Setúbal. Cantora e compositora, nascida e criada em Rondônia, a jovem de 24 anos lançou recentemente um projeto autoral chamado “O Amor Traduz”, composto por três EPs que descrevem um relacionamento romântico entre duas mulheres.
Gessica Setúbal no clipe da música "Alô Amor"
Casa4/Reprodução
Os EPs foram uma forma de Géssica expressar os próprios sentimentos, mas também de levantar a bandeira LGBTQIA+ e se assumir publicamente como uma mulher bissexual para toda a família e o público que a segue nas redes sociais.
“Deixar isso em evidência foi também para encorajar outras pessoas a não ter medo, apesar de tudo, de mostrar o seu amor por outra pessoa. Eu nem sei de onde eu tirei coragem, pra falar a verdade, mesmo assim eu tô continuando. Levando minha verdade, mostrando quem eu sou, vai dar certo, porque não adianta eu querer mostrar minha arte sem mostrar quem eu realmente sou”.
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Nascer artista
“Eu não consigo lembrar o momento que eu pensei: "ai meu Deus, estou apaixonada por música"”.
Vinda de uma família de artistas, Géssica “nasceu no meio da música”, como ela mesma descreve. Foi algo que sempre esteve lá naturalmente, como respirar. A primeira experiência com palcos foi aos oito anos, cantando na igreja.
A artista aprendeu a tocar um pouco de vários instrumentos, entre eles: cajón, contra-baixo, ukulele, violão e bateria.
Gessica Setúbal toca pelo menos cinco instrumentos, entre eles o violão
Ana Beatriz/Reprodução
Viver como artista
Apesar de sempre estar envolvida com a música, Géssica atua profissionalmente como cantora e compositora há aproximadamente um ano. Em 2021, durante a pandemia da Covid-19, ela teve um projeto de lives musicais aprovado na Lei Aldir Blanc. Foi o início da carreira.
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“Meu estilo musical é um pop misturando com jazz e MPB. Tudo mesclado”, descreve.
Este ano, novamente beneficiada com a lei, ela conseguiu lançar o projeto “O Amor Traduz”, que descreve a evolução de um relacionamento até o seu término. O primeiro EP se chama “Alô Amor”, uma música bem romântica sobre o início do relacionamento. Já em “Tô Com Saudade”, Géssica relata o namoro em seu processo de estabilidade, que tem seu fim em “Quero Te Apagar de Mim”, ainda sem data para lançamento.
“Eu escrevo o que eu vivo, então faz parte de mim, a letra em relação a relacionamentos mesmo. É meio contraditório uma coisa tão singela e verdadeira que é a arte, que vem de dentro de mim, e eu não mostrar quem eu realmente sou, vai contra tudo que eu falar”.
Gessica Setúbal canta um pop "misturando com jazz e MPB"
Stefany Cris/Reprodução
Atualmente Géssica mescla a faculdade de engenharia civil, com shows e empenho no projeto que lançou este ano.
A existência queer através da arte
Você acha que a arte tem um significado especial para pessoas da comunidade LGBTQIA+?
“Quando a gente tenta escrever uma canção, principalmente inspirados, tudo que a gente deposita ali é o que tá dentro do nosso interior. Então a gente se vê numa vulnerabilidade, sabe? Na arte e em todos os aspectos. Acredito que a arte da nossa comunidade é fundamental para que possamos nos expressar e também para que as pessoas nos vejam de uma forma bonita”.
*No próximo episódio da série "Sobre(viver) através de arte”, o g1 conta a história da Rafa, uma mulher trans, atriz e organizadora de uma festa voltada à comunidade LGBTQIA+ em Porto Velho.