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Por que eu torço por Fernando Diniz

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Por Virtual Rondônia em 23/11/2024 às 07:37:22
É admirável que ele tenha insistido com o caminho mais difícil: ser diferente quando o mais confortável era ser igual Cruzeiro decide copa Sul-americana contra o Racing, no Paraguai

Não conheço Fernando Diniz. Nunca falei com ele. Não sei se é um cara legal, se é uma boa companhia para uma mesa de bar, se escuta bandas de rock ou grupos de pagode, se gosta de ler. Não sei se é de esquerda ou de direita, se coloca ketchup na pizza, se prefere o Rio ou São Paulo. Mas a verdade é que eu torço por ele.

Neste sábado, quando o Cruzeiro enfrentar o Racing em Assunção, Fernando Diniz poderá se tornar, como Tite e Marcelo Gallardo, um treinador campeão dos dois maiores torneios de clubes do continente – somando a Sul-Americana de 2024 à Libertadores conquistada em 2023 com o Fluminense. Não é pouca coisa.

Os opositores do trabalho de Diniz costumam argumentar que ele é um técnico com mais conceitos do que resultados. É justo – ele não é, de fato, um sujeito acometido por tendinites de tanto levantar taças. Desde que iniciou a carreira, lá em 2009, ganhou duas Copas Paulistas (uma pelo Votoraty e outra pelo Paulista de Jundiaí), uma Série A3 do Paulistão (pelo Votoraty) e três títulos pelo Fluminense (além da Libertadores, o Campeonato Carioca de 2023 e a Recopa Sul-Americana de 2024).

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Gustavo Aleixo/Cruzeiro

Títulos são fundamentais, mas me parece que a grande vitória de Diniz é outra: não ter sido tragado pelo mais do mesmo que caracterizava o futebol brasileiro há alguns anos. Quando surgiu, uma década e meia atrás, ele parecia uma extravagância, uma atração circense – olha lá aquele maluco fazendo o time trocar passes dentro da pequena área. Mas não era um exibicionismo: Diniz realmente acreditava naquilo. E levou essa fé adiante, com alguns ajustes, até ganhar uma Libertadores e virar técnico da Seleção.

A proposta de jogo de Fernando Diniz parecia radical porque éramos caretas. Os times pouco variavam, um grupo de treinadores circulava pelos maiores clubes do Brasil em um processo de eterno retorno, pouca coisa acontecia – enquanto lá fora o Barcelona de Guardiola e a Espanha de Vicente del Bosque faziam a última grande mudança no futebol moderno (um processo que depois seria aprimorado por técnicos como Jürgen Klopp e Joaquim Löw, capazes de injetar verticalidade a equipes dominantes na posse).

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Fernando Diniz bebeu nessa fonte antes dos demais. Ele estava mais atento. E apostou no caminho mais difícil: ser diferente quando o mais confortável era ser igual. Acho sua insistência admirável – e me impressiona que tenha chegado tão longe, nadando contra uma corrente forte. A novidade apresentada por Diniz e a qualidade trazida por técnicos estrangeiros, na minha opinião, melhoraram o futebol jogado dentro do Brasil nos últimos anos. A régua ficou mais alta.

É por tudo isso que costumo torcer por Diniz. E também porque gosto de ver suas equipes jogarem – acho bonito, acho divertido, embora jamais tenha experimentado a sensação de tê-lo como técnico do meu time. É uma experiência para corações fortes, posso imaginar.

Fonte: Ge

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