País sede da próxima Copa tem média de público de quase 50 mil pessoas, mas decepciona em organização. Confusão e atraso da decisão manchou final de domingo Torcedores tentam invadir estádio pelo sistema de ventilação; veja o momento
No dia seguinte às críticas mais pesadas que recebeu durante os 24 dias de competição, o presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, entrou de bermuda e celular à mão para filmar o campo do estádio Hard Rock, o palco da final da Copa América, no domingo, em Miami.
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Confusão na entrada da partida entre Argentina e Colômbia
Maddie Meyer/Getty Images
Marcelo Bielsa, técnico do Uruguai, dizia horas antes que os campos da competição - e de treinamento - eram desastrosos. Afirmou, com base em fotos que não apareceram e nem foram divulgadas, que a seleção da Bolívia ficou sem treinar pelas condições do campo de treino.
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Foi apenas um dos muitos problemas que o torneio nos EUA, que coroou a Argentina campeã ao derrotar a Colômbia por 1 a 0, apresentou na edição de 2024.
Em Miami, na decisão, a imagem de festa ficou de lado num acesso ao estádio com tumulto, correria e tentativa de invasão - o jogo começou com 1h22 de atraso com direito a crianças de colo chorando, torcedor ensanguentado e invasão até pelo sistema de ventilação do estádio.
Flagrado por TV argentina, Alejandro Dominguez foi ao campo da final mostrar as condições do campo
Reprodução
Ao invés do show da estrela colombiana Shakira, sobraram registros de torcedores com ingresso barrados da festa.
- É difícil de explicar, de entender. Os jogadores uma hora de pé fora do estádio para ver os familiares e tivemos que jogar assim. Tivemos a sensação de não saber como estavam nossas famílias, alguns não respondiam e não conseguíamos ficar alheios ao que estava acontecendo. Assim que nós, e também os colombianos, entramos em campo. É algo muito difícil - relatou o técnico Lionel Scaloni, campeão com a Argentina, em entrevista coletiva.
Confusão na entrada para final da Copa América, em Miami, entre Colômbia e Argentina
Maddie Meyer/AFP
Confusão na entrada da partida entre Argentina e Colômbia
Megan Briggs/Getty Images
Tudo que a Conmebol e organização americana não queriam depois de uma semifinal com briga entre jogadores do Uruguai e torcedores da Colômbia. Que colocaram em risco até mesmo familiares de atletas.
Confusão na entrada para final da Copa América, em Miami, entre Colômbia e Argentina
Maddie Meyer/AFP
O saldo da segunda Copa América americana em intervalo de oito anos - os EUA também sediaram a edição de 2016, do centenário da competição, vencida pelo Chile - foi negativo. De melhor, a alta média de público, com quase 50 mil pessoas nos estádios. Mais de 47 mil antes da final entre Argentina e Colômbia.
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Campo curto
A Copa América foi disputada nos EUA em gramados que medem 100 metros de comprimento por 64 metros de largura, menores do que o padrão de torneios internacionais (105 x 68). O que gerou muitas reclamações de treinadores e jogadores - o encurtamento do campo condicionava a partida com espaços menores para dribles e, por exemplo, viradas de jogo para surpreender o adversário.
Argentina x Colômbia: Torcedores pulam grade para invadir estádio
Para a Copa de 2026, que também terá Canadá e México, os gramados terão tamanho convencional de 105m x 68m. A informação consta nos documentos oficiais da candidatura tripla de EUA, México e Canadá.
Gramado do estádio de Los Angeles
André Gallindo
Mas isso não foi o que de pior aconteceu na competição.
- Estamos nos EUA, um país, entre aspas, de segurança, de prevenção.
Foi assim que Bielsa iniciou série de duras críticas à Conmebol e aos americanos. Lembrou que os jogadores reagiram à pancadaria na arquibancada depois da derrota para a Colômbia como forma apenas de proteção aos familiares, depois de falha na segurança do estádio.
Darwin Núñez e outros atletas do Uruguai brigam na arquibancada com torcedores colombianos
Disse que todos se sentiram ameaçados - desportivamente - pelos organizadores. Logo nas primeiras rodadas, quatro treinadores foram suspensos por atraso das equipes em retornarem do intervalo. Foram multados e suspensos por uma partida Lionel Scaloni, da Argentina, Ricardo Gareca, do Chile, Marcelo Bielsa, do Uruguai, e Fernando Batista, da Venezuela.
- Bando de mentirosos - gritou Bielsa, em entrevista coletiva.
Marcelo Bielsa, em entrevista antes da partida entre Uruguai e Brasil: treinador bateu duro na Conmebol
Candice Ward/Getty Images
A seleção brasileira também reclamou de tratamento da Conmebol. Na chegada ao hotel de Las Vegas, foram obrigados a entrarem pelos fundos, o que provocou desabafo do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues:
- Nós não somos bandidos - disse Ednaldo.
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Antes, o astro da Seleção, Vini Jr, já havia reclamado do tratamento na competição. Ele ficou de fora das quartas de final por suspensão automática, após levar dois cartões amarelos. Na sua última partida, contra a Colômbia, sofreu pênalti não marcado e depois reconhecido como erro pela Conmebol.