Paris FC, que tem Raí como embaixador e acionista, passou a ter público diversificado em seus jogos na segundona do Francês; especialistas opinam sobre iniciativa O Paris FC, que tem o ex-jogador Raí como acionista e embaixador, vem fazendo sucesso depois que parou de cobrar ingressos para todos os setores dos jogos da Segunda Divisão da Liga Francesa. A iniciativa entrou em vigor ao final da última temporada e contemplou também as partidas do time feminino.
A lógica para essa mudança da equipe parisiense veio de encontro ao cenário encontrado na capital do país. Com pouca tradição e enxergando uma distância estratosférica do milionário Paris Saint Germain, além de ter menos torcida que o Red Star (outro pequeno de Paris), o "primo pobre" do time de Mbappé precisava fazer algo além das quatro linhas.
Torcida do Paris FC no jogo contra o tradicional Saint-Etienne
AFP
De acordo com os executivos do clube, a ideia era atrair uma parcela do público local que ia além de um eventual "modismo" pela constelação do elenco do PSG, além de contar com a presença de fãs mais segmentados, como idosos, famílias e crianças, estreitando laços com a cultura local e deixando a mensagem que, na capital do país, existe uma "força" chamada Paris FC.
- Foi uma espécie de estratégia de marketing. Devemos ser diferentes para nos destacarmos na Grande Paris. Foi uma boa chance para falar sobre o clube - afirmou Fabrice Herrault, diretor do clube fundado em 1969, ao jornal NY Times.
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Em março, o Stade Sébastien Charléty, casa do Paris FC, com capacidade para 20 mil pessoas e onde acontecem os jogos, recebeu seu maior público e contou com 17 mil espectadores no empate em 0 a 0 contra o tradicional Saint-Étienne, que já venceu a primeira divisão em dez oportunidades e era o maior recordista de títulos até a última temporada (quando foi ultrapassado pelo PSG).
- Estou particularmente satisfeito com esta operação que visa tornar o futebol acessível à sua base popular. O futebol não deve excluir, mas sim unir, é um esporte que liberta paixões e estas são ainda mais fortes quando vividas coletivamente, em grande convívio. O que o Paris FC oferece é verdadeiramente maravilhoso e convido a todos a virem viver gratuitamente esta experiência de futebol profissional no Stade Charléty – afirmou Raí ao site oficial do clube.
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Reprodução
Alguns desses jogos, que vem acontecendo em horários alternativos e mais cedo, tem ido de encontro aos anseios dos dirigentes do clube, visto que a porcentagem de jovens e crianças é considerada alta.
- Os estádios nas grandes cidades têm uma capacidade que representa um percentual insignificante de sua população. Não mais que dois por cento dela. Quase sempre, menos de um por cento. Apesar de alguns clubes carregarem os nomes de suas cidades, eles não as mobilizam, e existe um potencial enorme de crescimento do número de pessoas que ainda podem ser levadas aos estádios. Se observamos projetos de lei que tem como objetivo formação de público para cinema autoral, teatro, música clássica e outras atividades culturais, é razoável pensar que iniciativas parecidas possam buscar a formação de um novo público para os jogos - opinou Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil.
- O projeto do Paris chama atenção porque eles triplicaram a presença de público tentando trazer uma filosofia que envolvesse identidade entre torcedores e o clube. Por mais que o futebol seja a paixão popular para milhões de pessoas, existe uma grande parcela que não frequenta estádio de futebol, e essa iniciativa pode ser um caminho. Você pode envolver parceiros comerciais que consigam demonstrar a magia dessa experiencia dentro de um estádio, inclusive com ativações que envolvam os patrocinadores - explicou Joaquim Lo Prete, country manager da Absolut Sport no Brasil, agência especializada em experiências esportivas.
Stade Sébastien Charléty, casa do Paris FC
AFP
Ideia não é novidade na Europa
Na última temporada, o Fortuna Dusseldorf, time da segunda divisão alemã, também fez uma ação com entradas gratuitas, mas para alguns setores específicos do estádio. A estratégia fazia parte de aproximar o clube da cidade e dos torcedores, e os custos seriam pagos pelos patrocinadores do clube. Na ocasião, foi anunciado que as empresas parceiras assinaram um contrato de cinco anos no valor de 45 milhões de euros, sendo que pelo menos 20% deste montante iria para este projeto, nomeado de "Fortuna para Todos".
O sucesso foi absoluto, e o Fortuna chegou a bater o recorde de público no ano, com 52 mil torcedores presentes na Merkur Spiel-Arena, na vitória de 4 a 3 sobre o Kaiserslautern - a capacidade do estádio é de 54.600 lugares.
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