Fabrício, de 38 anos, é natural do Paraná e na primeira temporada pelo time da Baixada chegou à final do torneio estadual Fabrício, goleiro do Nova Iguaçu, é a prova de que os sonhos se realizam na hora certa. O mais velho jogador da equipe, com 38 anos, precisou passar por muitas etapas até chegar ao momento que vive hoje: conseguir uma temporada inédita com um clube e levá-lo pela primeira vez à final do Campeonato Carioca.
+ Goleiro do Nova Iguaçu deixa Maracanã de metrô após vitória sobre o Vasco: "Nossa realidade"
Nova Iguaçu 1 x 0 Vasco - Melhores momentos - Campeonato Carioca 2024
Tudo começou aos cinco anos, quando Fabrício entrou em um time de futsal na cidade de Paranavaí, no interior do Paraná. O goleiro jogou até os 17, quando precisou largar o esporte para terminar o ensino médio e fazer o vestibular. A não classificação para o curso de Educação Física fez com que o jogador se afastasse das quadras e precisasse ir em busca de um emprego formal.
Mas não demorou muito para que o destino com a bola voltasse a cruzar o caminho de Fabrício, desta vez, deixando as quadras e indo para os campos.
— Trabalhei por alguns meses como entregador de mercadorias. Até que um dia eu pedi para sair, porque me surgiu uma oportunidade de fazer um teste. Meu patrão disse que precisava de mim, mas eu queria seguir outro rumo, me dedicar ao que amo. De lá até aqui, venho fazendo do futebol a minha profissão, meu sustento e da minha família — contou Fabrício.
+ Dicas de Ganso e Andrezinho ajudam Yago "Chuchu" a evoluir no Nova Iguaçu e ser alvo da Série A
Fabrício é goleiro titular do titular do Nova Iguaçu, que está na final do Carioca pela primeira vez
Print
Ao longo da carreira, Fabrício defendeu 17 equipes. O Nova Iguaçu, time em que chegou em 2024, é o primeiro carioca do currículo. Ele deixou a esposa e a família no Sul do país para assinar o contrato com a Laranja Mecânica da baixada até o final do ano. Segundo o goleiro, exceto pelo calor da cidade, a adaptação tem sido fácil:
— Não conhecia ninguém quando cheguei aqui, mas aceitei o convite porque vejo o Carioca como uma oportunidade. Por ter quatro clubes gigantes no cenário nacional, eu sabia da dificuldade que teria também, então gostei desse desafio. Quando a gente faz uma mudança não sabemos o que o futuro nos reserva, mas fico feliz que com os resultados acontecendo.
+ Técnico do Nova Iguaçu revela dica da filha para vencer o Vasco e inspiração em Tite: "Me agrada muito"
Dentro da equipe titular do Nova Iguaçu, Fabrício é o jogador mais velho. O goleiro conta que quando chegou ao time já sabia que era um clube formador, com muitos jovens talentos, e que teria um papel importante para aconselhar com a experiência que adquiriu como profissional. Função que ele diz ter assumido com prazer, para ajudar no que pode dentro e fora de campo.
Na hora de falar sobre o desempenho pessoal na temporada, Fabrício exalta a "coletividade", palavra que ele garante definir muito sobre o Nova Iguaçu e o sucesso que o time tem conquistado. O clube conquistou a vaga para a final do Carioca, no domingo, na vitória por 1 a 0 sobre o Vasco. Entretanto, para Fabrício, a classificação começou na primeira vez em que os dois times duelaram no torneio, em 31 de janeiro.
A partida chamada de "divisor de águas" pelo goleiro também teve o triunfo do Nova Iguaçu, por 2 a 0, e foi válida pela quinta rodada da competição. Fabrício acredita que foi no primeiro encontro entre os times que a equipe da baixada ganhou confiança e percebeu que tinha capacidade para ser mais eficiente no controle dos confrontos.
Fabrício, goleiro do Nova Iguaçu; Campeonato Carioca
Thiago Ribeiro/AGIF
— Até então, nós fazíamos bons jogos, mas não controlávamos tanto as partidas. Depois daquela vitória, vimos que éramos capazes de tomar o controle e sofrer menos, independente do adversário. Nos dois jogos da semifinal, a gente já conhecia a equipe do Vasco. Sabíamos que a gente precisava fazer uma grande partida, porque iríamos enfrentar um grande clube, a atmosfera do Maracanã, com o estádio lotado e com a torcida contra.
O jeito humilde de Fabrício também repercutiu no último domingo. O goleiro foi flagrado por torcedores no metrô, logo após se classificar para final do Carioca, uma cena incomum nos principais clubes do futebol brasileiro. Ele contou que acompanhava a família, que veio do Paraná para assistir às semifinais e se espantou com a proporção que a notícia alcançou.
— Era só o meio de transporte mais rápido para a gente chegar no local. Eu não imaginei nunca que chegaria a ter essa repercussão toda, para nós é uma coisa normal. A diferença é a repercussão pela equipe estar numa final de campeonato. Muitos atletas passam por isso diariamente e acho que não tem porquê a gente mudar, tentar mostrar uma coisa que nós não somos. Sabemos que têm atletas que ganham muito dinheiro com o futebol, mas essa não é a grande maioria.
Fabrício, goleiro do Nova Iguaçu; Campeonato Carioca
Thiago Ribeiro/AGIF
Com as decisões do estadual se aproximando, e o Maracanã como provável palco novamente, o jogador disse que não sabe se poderá ser flagrado mais uma vez no transporte público. Isso porque Fabrício não tem certeza se a família conseguirá voltar para Rio, por ser uma viagem de mais de mil quilômetros de distância via carro.
O goleiro do Nova Iguaçu foi um dos destaques do segundo jogo da semifinal contra o Vasco, principalmente por boas defesas em chutes de Veggeti, Galdames e em uma cabeçada de Sforza. O novo desafio da equipe será contra o Flamengo. Dois duelos, nos dias 30 de março e 7 de abril, decidirão quem fica com a taça do Carioca.
O jogador ainda não tem notícias sobre o futuro depois de setembro, quando acaba o contrato com a Laranja Mecânica da baixada. A torcida de Fabrício é para que as finais influenciem positivamente a decisão do clube:
— Foco total é nesses dois jogos, para continuarmos escrevendo essa história bonita do Nova Iguaçu. Então, quem sabe, se formos felizes neles, a gente possa conseguir algo mais.