Em nota, zagueiro brasileiro do Napoli se manifesta sobre o caso decisão favorável a jogador da Inter de Milão: "Desanimado. Não me sinto protegido" Após o zagueiro Acerbi ser absolvido por falta de provas em acusação de racismo feita por Juan Jesus, o atleta brasileiro se pronunciou sobre o caso. O também defensor escreveu uma nota sobre o caso, que aconteceu durante o empate de 1 x 1 entre Inter de Milão e Napoli em partida do Campeonato Italiano.
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A nota de Juan foi divulgada no site do Napoli. No comunicado, o zagueiro se diz "desanimado com o desfecho" do caso, que foi julgado nesta terça-feira pela justiça esportiva italiana. A decisão da Federação Italiana de Futebol (FIGC) afirma que houve falta de provas para tornar Acerbi culpado pela acusação feita por Juan.
"Li várias vezes, com grande pesar, a decisão com a qual o Juiz Desportivo considerou que não há provas de que fui vítima de insultos racistas durante o jogo Inter x Napoli no dia 17 de março: é uma avaliação que, embora respeitando isso, tenho dificuldade em entender e isso me deixa com muita angústia.
Os dois atletas foram ouvidos pela federação italiana de futebol sobre o episódio e apresentaram suas versões para a entidade na semana passada. A decisão favorável a Acerbi acontece enquanto uma campanha contra o racismo no futebol do país acontece.
Durante a partida, Juan chegou a mostrar o símbolo da iniciativa presente no uniforme das equipes para o árbitro do jogo. A partida ficou paralisada por alguns momentos, mas foi reiniciada sem nenhuma punição por parte da arbitragem.
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Juan Jesus, do Napoli, e Acerbi conversam após brasileiro acusar zagueiro da Inter de racismo
Reprodução/SPORTMediaset
Com a absolvição, o zagueiro italiano deixou de receber uma punição que poderia chegar a 10 jogos na liga italiana. Na época, o defensor foi desconvocado para amistosos seleção da Itália na última Data Fifa por conta do episódio. Juan reiterou tristeza com o desfecho do episódio e espera uma realidade diferente em casos semelhantes no futuro.
"Espero sinceramente que esta história, para mim, triste possa ajudar todo o mundo do futebol a refletir sobre um assunto tão sério e urgente", escreveu o brasileiro.
Confira na íntegra a nota de Juan Jesus:
Li várias vezes, com grande pesar, a decisão com a qual o Juiz Desportivo considerou que não há provas de que fui vítima de insultos racistas durante o jogo Inter x Napoli no dia 17 de março. É uma avaliação que, embora respeitando-a, tenho dificuldade em entender e isso me deixa com muita angústia.
Estou sinceramente desanimado com o desfecho de um assunto grave em que só fui culpado de ter tratado "como um cavalheiro", evitando interromper um jogo importante com todos os transtornos que isso causaria aos espectadores que assistiam ao jogo, e confiando que minha atitude teria sido respeitada e tomada, talvez, como exemplo.
Provavelmente, depois desta decisão, aqueles que se encontram na minha situação agirão de uma forma muito diferente para se protegerem e tentarem acabar com a vergonha do racismo que, infelizmente, luta para desaparecer.
Não me sinto de forma alguma protegido por esta decisão que se debate entre ter de admitir que "a prova da infração foi certamente conseguida" e sustentar que não há certeza da sua natureza discriminatória que, novamente de acordo com a decisão, apenas eu e "de boa fé" teria percebido.
Eu realmente não entendo como a frase "'vá embora, negro, você é só um negro..." pode certamente ser ofensiva, mas não discriminatória.
Na verdade, não entendo por que houve tanto rebuliço naquela noite se realmente foi uma "simples ofensa" pela qual o próprio Acerbi se sentiu obrigado a pedir desculpas, o árbitro sentiu que deveria informar o VAR, a partida foi interrompida por mais de 1 minuto e seus companheiros (de Acerbi) estavam lutando para falar comigo.
Não sei explicar por que, só no dia seguinte e desconvocado da seleção nacional, Acerbi mudou a versão dos acontecimentos e, em vez disso, não negou imediatamente, assim que a partida terminou, o que realmente aconteceu.
Não esperava um final deste tipo que temo — mas espero estar errado — poderia abrir um precedente sério para posteriormente justificar certos comportamentos.
Espero sinceramente que esta história, para mim, triste possa ajudar todo o mundo do futebol a refletir sobre um assunto tão sério e urgente.