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Hoje no Grêmio, Du Queiroz relembra futebol com o pai na prisão e conta como evitou vida no crime: "Fugi da estatística"

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Em entrevista exclusiva ao ge, o volante relembra as histórias de superação que o fizeram trilhar a carreira de jogador de futebol profissional Depois de realizar o sonho de jogar na Europa, Du Queiroz resolveu voltar ao Brasil para vestir as cores do Grêmio, onde está há pouco mais de um mês. A construção da carreira em grandes clubes parecia inimaginável anos atrás para um garoto que cresceu em meio à criminalidade do Butantã, em São Paulo. Resiliente, superou momentos difíceis, como a prisão do pai, quando tinha apenas sete anos.

Estando lá dentro e vendo o que é crime de verdade, para mim foi bom. Comecei a enxergar com outros olhos. Ali eu segui outro caminho.

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Primos, Du Queiroz e Nycollas se enfrentam em Grêmio x Brasil-RS

Em entrevista exclusiva ao ge, o meio-campista de 24 anos relembrou a infância na periferia de São Paulo, antes de se tornar jogador de futebol profissional. Carrega consigo as memórias dos dias em que visitava e jogava bola com o pai na cadeia e os ensinamentos para hoje proporcionar uma outra condição de vida aos familiares.

Du nasceu e foi e criado na capital paulista, no bairro Butantã, na Zona Oeste. Filho de pais jovens, cresceu no mesmo terreno onde moravam os tios, primos e a avó. Além das dificuldades financeiras, precisou conviver muito cedo com uma realidade dura que influenciou o seu futuro.

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Quando tinha sete anos, o menino viu o pai ser detido e preso. Ao lado da mãe, o visitava e até futebol jogava com o patriarca nas dependências do local. O que viu por lá e o suporte da família foram a base para o pequeno Eduardo ir contra as estatísticas e fugir da criminalidade da região.

– Foi um momento muito difícil para mim, porque eu era criança e o pai tem que estar junto com o filho. Meu pai, infelizmente, não estava. Mas eu aprendi muito. Estando lá dentro e vendo o que é crime de verdade, para mim foi bom. Comecei a enxergar com outros olhos. Na rua, a gente pensa que é dinheiro fácil, só que quando a gente vê lá dentro como é o sofrimento, como que a família fica, virei minha cabeça e falei: "não é isso que eu quero para minha vida". Ali eu segui outro caminho – revelou o jogador ao ge.

Às vezes não cai a ficha, porque vivi muita coisa. De todas as coisas que eu trilhei, graças a Deus, eu fugi da estatística e hoje estou aqui.

Du Queiroz, do Corinthians, com os pais

Arquivo Pessoal

Foi uma fase. A família sempre esteve por perto e conseguiu superar o mau momento. Hoje, sempre que pode, tenta ficar próximo daqueles que ama. Seguidamente convida o primo que joga no Brasil de Pelotas para vir a Porto Alegre. Quando olha para o passado, Du valoriza a importância da união dos familiares.

– Meu pai e minha mãe nunca deixaram faltar nada para mim. Meus tios também sempre me ajudaram, meus primos, todo mundo sempre me ajudou muito. Nunca deixaram faltar nada. Se eu falar que passei fome é mentira. Mesmo meu pai tendo feito coisa errada, nunca deixou faltar nada para mim, sempre me colocou como prioridade – contou.

Du Queiroz quando menino

Arquivo Pessoal

A paixão pelo futebol e o sonho de ser jogador sempre guiaram a vida do garoto, influenciado pelo pai, que orgulhoso o acompanha de perto. O futsal foi o início de tudo. Sempre jogou ao lado de amigos e primos. Inclusive, a família Queiroz tinha um time. Antes de ser revelado pelo Corinthians, passou pela base do São Paulo, mas foi necessário insistir.

– Eu comecei no futsal, porque a gente jogava a Liga de Osasco e lá é muito forte. Eu jogava com gente que era da mesma idade. Tinha o Anthony, o Helinho, muitos meninos que jogavam junto. Foi onde surgiu a chance de fazer um teste no São Paulo. Não fui aprovado. Fui outras cinco ou seis vezes. Foi aí onde comecei a jogar no campo. Comecei no São Paulo e fiquei um tempo e depois migrei para o Corinthians, onde fiquei mais de 10 anos – relembrou.

Du Queiroz, ainda criança, com uniforme do Corinthians

Arquivo Pessoal

Du Queiroz subiu para o time profissional do Corinthians aos 21 anos, com o técnico Sylvinho. Dali em diante, a carreira no Timão foi uma curva ascendente. No segundo ano na equipe principal, foi titular durante boa parte do ano, com Vítor Pereira, quando disputou a final da Copa do Brasil, contra o Flamengo.

No total, foram cerca de 10 anos no Timão. No ano passado, foi vendido ao Zenit. Pelo clube russo, foram 16 jogos. Mas ao final de 2023, o volante sentiu que precisava jogar e ter mais espaço. Durante a pausa no futebol da Rússia por conta do rigoroso inverno, negociou a vinda para o Grêmio.

– Na realidade, foi uma opção minha vir para cá, para o Brasil, por conta do Campeonato Russo ter pouca visibilidade. Foi opção minha, porque eu queria vir, queria jogar. Eu estava jogando pouco lá e pedi para eles. Foi difícil me liberar, mas consegui.

– O Grêmio é um grande time, multicampeão. O grupo é muito bom. Renato é um cara sensacional que dá liberdade para gente, ele ensina bastante também, porque, querendo ou não, sou muito novo e isso para o meu crescimento como atleta é muito importante – explica.

Du Queiroz, do Grêmio, atendeu o ge com exclusividade

Rossando Alves/RBS TV

Saiu do frio da Rússia e veio para o verão de Porto Alegre, onde mora com a namorada. A família é grande. Os irmãos ainda estão na escola, por conta disso não pôde trazer os garotos para perto.

O apego pelo Butantã continua. Quando jogava no Corinthians, priorizou morar no mesmo lugar em que cresceu. Posteriormente, comprou uma casa maior para a família. Atualmente, sempre que pode, visita as raízes em São Paulo.

– Tenho um apego muito grande por lá (Butantã), mesmo eu morando em outro lugar agora eu sempre passo lá. Foi onde eu cresci, onde eu nasci, nunca vou abandonar. Tem algumas instituições de lá que eu ajudo uma molecada do futebol – disse.

Histórias de vida como a de Du são minoria no Brasil. Muitas vezes, o crime prevalece. O próprio jogador viu isso acontecer com amigos que conviveu na infância.

– Às vezes não cai a ficha, porque vivi muita coisa. Às vezes a gente está parado pensando em tudo que a gente viveu e não dá nem para acreditar, porque realmente foi Deus na minha vida. Do caminho que eu vim, de todas as coisas que eu trilhei, graças a Deus eu fugi da estatística e hoje estou aqui.

Du Queiroz é apresentado pelo Grêmio

João Victor Teixeira

Du Queiroz atendeu a equipe do ge há cerca de duas semanas, antes de enfrentar o Brasil de Pelotas, pelas quartas de final do Gauchão. Com o retorno antecipado de Villasanti, a tendência é que inicie no banco de reservas contra o Caxias, no duelo de volta da semifinal do Gauchão.

O Grêmio volta a campo nesta terça-feira, às 21h, na Arena, em Porto Alegre. O Tricolor joga pelo empate para avançar à final, já que venceu o time grená por 2 a 1 no Centenário.

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Ge

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