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Em alta aos 40 anos, Dante ainda sente o 7 a 1: "Dói falar dessa m..."

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Dez anos após derrota para a Alemanha, zagueiro reclama por ser lembrado apenas pelo trauma: "Acho injusto". Capitão da melhor defesa da França, no Nice, revela sonho de jogar no Bahia Aos 40 anos, Dante é capitão do Nice, time de melhor defesa do Campeonato Francês na atual temporada. O experiente zagueiro, multicampeão no Bayern de Munique, carrega um trauma vivido há dez anos. Em entrevista ao ge, o defensor comentou a excessiva pressão que sofre desde o fatídico 7 a 1 da Alemanha sobre a seleção brasileira.

— Eu acho injusto, às vezes. Depois da Copa do Mundo eu tive vários momentos legais, bonitos, que as pessoas poderiam procurar saber e poderiam dar informação. Fiquei um tempão para tirar essa parada do meu coração. Até hoje dói. Se tem uma coisa que me dói é falar dessa m***. Estou na Europa há 20 anos. Eu carrego a bandeira brasileira. Sou o jogador mais velho da França e ninguém nunca sabe disso — desabafa.

Dante, sobre o 7 a 1: "Compreendo a dor dos brasileiros, a nossa em campo foi maior"

A semifinal da Copa do Mundo de 2014 resultou na maior derrota da história do futebol brasileiro. Dante, que era reserva da equipe de Luiz Felipe Scolari, substituiu o suspenso Thiago Silva naquela partida. O zagueiro afirma que naquele ano o Brasil misturou política com futebol, aumentando a responsabilidade dos atletas.

— Eu compreendo a frustração e a dor de todos os brasileiros. A nossa em campo foi muito pior, pode ter certeza. As pessoas acharam que a gente ficou curtindo a vida. A gente é chateado com isso até hoje. Também teve um peso que foi colocado nessa Copa, que ludibriou muito a cabeça do povo... que o futebol brasileiro ia salvar o país. Não tem como. Que ia deixar esse país sofrido mais feliz... Um pouco, mas ia continuar passando pomada na ferida. Porque a gente não vai resolver.

Dante em ação em Brasil 1 x 7 Alemanha

Getty Images

O trauma fica, mas Dante destaca que os atletas envolvidos "arregaçaram as mangas" e continuaram trabalhando após a derrota. O jogador considera que "a vida segue" e conseguiu dar a volta por cima sendo o jogador mais experiente do futebol francês, mas ainda com ambições. Antes de colocar em prática o plano de ser treinador, tem um sonho para realizar.

O meu plano é de seguir jogando. Tive uma conversa breve com o Nice. Demonstraram interesse de renovar o contrato por mais um ano. Estamos neste processo. A única coisa que me faria sair daqui um dia seria realizar o sonho de jogar pelo Bahia, que é meu time de coração, o Esquadrão de Aço

Dante revela sonho de jogar no Bahia: "Único time que poderia me tirar daqui"

Bom momento no Nice

Em seu 22º ano de carreira profissional, Dante atua em sua oitava temporada consecutiva pelo Nice. Recentemente, entrou no grupo dos dez atletas com mais partidas na história do clube. O defensor afirma já se sentir em casa na equipe que ocupa a quarta posição da Ligue 1.

— Estamos jogando bem. É um momento muito bom para mim, com 40 anos conseguir estar aqui numa liga tão difícil, forte e potente. Temos que focar em cada jogo e em cada fim de semana. Temos que ser realistas. É muito difícil competir com o PSG. Com os jogadores que eles têm, o elenco que eles têm — diz o zagueiro.

Me sinto completamente em casa. Conheço todo mundo, do porteiro ao cozinheiro. Temos relação maravilhosa. São momentos felizes que estamos vivendo.

+ Veja a tabela completa do Campeonato Francês

Capitão Dante comemora vitória do Nice sobre o PSG no Parque dos Príncipes

Getty Images

"Aula de futebol" com Pep Guardiola

Em 2014, Dante atuava pelo Bayern de Munique, onde conviveu por duas temporadas com Pep Guardiola. Segundo o zagueiro, o trabalho do treinador espanhol é uma "aula de futebol".

— Foi um período de aprendizado muito grande. Ele faz todos os jogadores entenderem o jogo. Faz o jogador ter uma percepção para tomar sempre as melhores decisões e te dá sempre o porquê. Esclarece tudo. É uma aula de futebol. O jogador que tem a mente aberta e inteligência, aprende muito com ele. Ele me ensinou o que é o jogo. Em termos de solução de jogo, não tem melhor que ele.

Dante comenta experiência com Pep Guardiola: "É uma aula de futebol"

No Bayern de Munique, Dante conquistou os principais títulos da carreira: uma Champions League, um Mundial de Clubes, três Bundesligas e duas Copas da Alemanha, entre outros. Alguns com e outros sem Guardiola. Mas o zagueiro afirma que, se segue em alto nível aos 40 anos, deve aos ensinamentos do treinador catalão.

— O cara é muito intenso no dia a dia, está sempre ali. Você vai aprendendo como funciona o jogo. Usufruí muito dele. Perguntava bastante coisa. E foi um treinador que eu posso dizer que, graças a ele, eu ainda jogo até hoje. Você chega numa certa idade que você precisa compreender muito o jogo. Tomei muitos ensinamentos dele e aplico hoje. Estou sempre pensando alguns segundos antes dos atacantes. Sou muito grato de ter trabalhado com ele por dois anos — concluiu o atleta.

Dante e Guardiola no título do Bayern de Munique na Copa da Alemanha

Reprodução / Site Oficial

Veja outros trechos da entrevista

Qual o segredo para o alto nível aos 40 anos?

— Não tem nada específico. Acho que tem que ter bastante concentração e atenção. Uma vez que eles estão na frente, acabou. Você não vai pegar. Ainda mais com 40 anos. Isso é um fato. Devido à qualidade física deles. Mas tem o outro lado, a experiência, visualização do jogo, antecipação das jogadas. Isso que conta. Porque fisicamente não tem como competir com eles.

Experiência com Farioli, treinador de 36 anos

— O nosso treinador é muito novo, muito intenso. Apaixonado por futebol. Transmite valores no dia a dia. Ser profissional, ser agressivo. É muito exigente. Mostra bastante energia e tem uma visão de jogo particular, como o De Zerbi, que é atípico, mas muito interessante, e nos rendeu muitos frutos nessa temporada.

— É o que eu sempre falo. Não podemos confundir idade com experiência e nem com hierarquia. São coisas diferentes. Sim, sou mais velho que ele, mas a gente compartilha ideias. E ele é o treinador. Tenho sempre que acatar e respeitar o que ele fala. E tentar ser uma ligação entre ele, o staff técnico e os jogadores. É divertido um treinador seis anos mais novo que você. É bom que a gente vai aprendendo. Estou estudando, tenho vontade de ser treinador no futuro.

Técnico do Nice, Francesco Farioli é mais jovem que Dante

Getty Images

Projeto de seguir como treinador

— Já está decidido. Desde 2019 estou estudando. Tirando meu diploma. Tirei Uefa C, Uefa B, Uefa A e estou começando o Uefa Pro. Acho que em um ano e meio já estará finalizado, se tudo der certo. É algo que está determinado na minha cabeça. É o que eu quero, acho que posso impactar as pessoas. Claro que não temos certeza nenhuma da qualidade que terá o treinador Dante, mas estou com muita força de vontade e muita gana. É algo que me vejo, não só no plano tático, mas no plano humano. E melhorar não só o atleta profissional, mas o homem, o garoto que está se tornando profissional. Mostrar caminhos corretos. A vontade é muito grande de poder impactar o máximo de pessoas possível.

Ge

Globoesporte.com

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