Ge
Dinamarquês Alexander Scholz tem 2 mil livros, usa roupas recicladas, escalou o Kilimanjaro e montes do Himalaia e, nesta terça, vai tentar parar o Manchester City Há mais de 10 anos, o jovem Alexander Scholz tomou uma decisão drástica: pausar sua ainda curta carreira de jogador profissional para conhecer o mundo. Ele foi viajar. Passou pela Islândia, Índia, Himalaia, e fez o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Mas um dia ele voltou a jogar. E, nesta terça-feira, vai tentar parar o Manchester City de Pep Guardiola.León-MEX 0 x 1 Urawa Red-JAP | Melhores Momentos | Mundial de Clubes da FIFA 2023-Bernardo Silva quer pegar o Fluminense na finalCity tem retorno de De Bruyne, mas Haaland ainda foraAos 31 anos, o zagueiro dinamarquês Scholz está há dois anos e meio no Urawa Red Diamonds. É uma das referências da equipe e foi destaque na vitória por 1 a 0 contra o León, nas quartas de final. E ele atua em uma equipe japonesa por sua enorme vontade de ter experiências novas. Quando estava no Midtjylland, seu clube anterior, exigiu uma cláusula ao assinar a última renovação que teria permissão para sair se um time oriental o chamasse. E assim o fez, para ter a experiência de viver a cultura japonesa.Scholz, zagueiro do Urawa Red Diamonds, em ação contra o LeónMarcio Machado/Eurasia Sport Images/Getty ImagesScholz, que terá a missão de marcar Bernardo Silva, Grealish e companhia, definitivamente vai no caminho contrário do estereótipo comum do jogador de futebol. Ele tem enorme interesse por cultura, economia e História. Usa roupas recicladas e bem coloridas. Mantém uma galeria de arte na Dinamarca.E dispensa TV.– Tem muitos anos desde que eu tive uma TV, e provavelmente eu assisto a menos filmes e séries do que a maioria – disse Scholz, em 2021, em uma entrevista ao jornal dinamarquês Herning Folkeblad."Eu simplesmente não quero desperdiçar tempo em algo que não tem sentido para minha vida", justificou o dinamarquês, ao falar sobre ausência de TV em sua casa.Scholz, em entrevista ao jornal Herning Foolkeblad: "A estrela pacata como ninguém: não tem TV, vende pinturas e tem 2 mil livros", diz o jornalReprodução/Herning FolkebladMas o que ele faz no tempo livre? Lê. Scholz tem mais de 2 mil livros em sua casa, na Dinamarca, e vê o hobby como uma chance de fugir do mundo fechado do futebol.– Eu posso facilmente ser como outros jogadores de futebol, mas como profissional, recebemos algumas inspirações esporádicas, o que é fantástico, mas também especial, porque é um mundo que se fecha em torno de si mesmo. Então, em relação aos livros, senti que consegui aprender outra coisa. Relaxo e me deixo inspirar quando leio – diz Alexander, também ao Herning Folkeblad. Do Himalaia ao KilimanjaroMuito antes de se preocupar em enfrentar o Manchester City numa semifinal de Mundial de Clubes, Alexander Scholz viveu um dilema: seguir a carreira de jogador, ou viver novas experiências? O jovem Scholz, então com 17 anos, decidiu pela segunda opção. E, após se profissionalizar no Vejle, do seu país natal, deu um tempo no futebol.O zagueiro sentia que dedicava muito tempo a treinamentos, à rotina do futebol, e se perguntava se aquilo ali algum dia ia lhe dar um futuro. Ele então botou a mochila nas costas e caiu no mundo. Scholz fez o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Filho de pais alemães, ele trabalhou como operário de construção com o tio em Flensburg, na Alemanha. Foi para a Índia. Passou por montanhas no Himalaia. E terminou a aventura na Islândia. Lá, o zagueiro repensou sua decisão. E sua trajetória voltou ao futebol, em um time semiprofissional, o Stjarnan. – Aos 18 anos, você nem sempre tem os pensamentos claros e, naquela época, eu estava confuso e com a mente mudando o tempo todo. Mas eu sentia um desejo crescente e uma necessidade de liberdade. Necessidade de me testar em outros ambientes. Mas não foi uma decisão bem pensada parar de jogar futebol e depois viajar para a Islândia – avaliou o zagueiro. "E sem sorte, também teria sido uma decisão desastrosa para a minha carreira", diz Alexander, sobre o tempo como mochileiro.Mesmo após retomar a carreira profissional, Sholz continuou viajando o máximo que conseguia. Adora acampar. E, em 2014, subiu ao ponto mais alto da África: o monte Kilimanjaro, na Tanzânia.A retomada na carreiraDa Islândia, Scholz conseguiu ir para um pequeno time da Bélgica, o Lokeren. Em 2015, se transferiu para o Standard Liège, e em 2018 chegou ao Brugge, um dos maiores do país. Pouco depois, foi para o Midtjylland, da Dinamarca, onde jogou a Champions League, na temporada 2020/21.Nessa temporada, ele foi convocado para a seleção de seu país e eleito o melhor jogador do Campeonato Dinamarquês. E então se transferiu para o Urawa Red Diamonds, onde conquistou o primeiro título internacional, a Champions da Ásia em 2022/23. Agora, Scholz garante que o foco é todo no futebol. – À medida que ganhei confiança e fui confirmado que poderia jogar futebol, pensei no que poderia fazer da minha vida, como eu deveria viver. Descobri que poderia combinar isso com o futebol e, para ser sincero, foi o mais fácil. Não sabia que poderia ir para a Bélgica e ter sucesso, mas percebi que poderia usar o futebol para ganhar dinheiro, viajar e fazer algo de que gostasse – confidenciou Scholz, em entrevista à revista esportiva dinamarquesa Tipsbladet.Scholz, zagueiro dinamarquês do Urawa Red DiamondsHiroki Watanabe/Getty ImagesNa Arábia Saudita, o zagueiro que transcende estereótipos vê o Mundial de Clubes como uma oportunidade de encontrar diferentes abordagens no futebol. Uma forma de fazer o que ele mais gosta: viajar.– Para mim, isso é o que há de mais interessante neste Mundial: a combinação e o encontro de culturas. Acho que este encontro de culturas será muito interessante para todos os espectadores. Não é apenas uma equipe que você representa; é um país, uma região. Isso é fantástico – definiu o zagueiro, em entrevista à Fifa.