"Eu sei que está frio e molhado, mas eu estou aqui para fazer festa", ele disse bem no comecinho da apresentação para um público que gritava seu nome enquanto dançava de capa de chuva.
A sensação do show deste sábado, dia 2, é a de que Malone é capaz de atirar confortavelmente para muitos lados, embora ouse pouco no processo –e é exatamente isso que fez dele um primeiro headliner eficiente para um festival que não tem um público muito específico. Especialmente em um dia de chuva, quando fica mais difícil segurar a plateia.
Ao longo de quase duas horas, ele entregou momentos explosivos acompanhados de fogos de artifício e chamas dramáticas –às vezes até os dois ao mesmo tempo–, letras emotivas, dancinhas, frases engraçadinhas e uma simpatia que fez o público achá-lo um máximo enquanto zanzava de ponta a ponta do palco.
Sua música não precisa de muito esforço para ser entendida e vai do rap de festinha ao pop de rádio, da trilha de filme da Marvel ao cara triste falando sobre desamor e outros problemas da vida adulta. São alguns hits que tocaram muito nas rádios brasileiras e outras canções simpáticas no caminho.
O americano tem uma trajetória calcada no trap e no hip-hop regados a pop, mas de alguns anos para cá tem se flexibilizado e ido cada vez mais na direção de outras expressões musicais.
Malone tocou por aqui na última edição do Rock in Rio, em 2022, e também no Lollapalooza Brasil de 2019, quando causou alvoroço em um palco entupido de pessoas ao convidar para o funkeiro Kevin O Chris. "Parece que sempre está chovendo quando eu venho aqui", ele brincou, lembrando da última vez, no evento dos mesmos criadores do The Town.
A diferença desta vez é que, além de chegar com um álbum recém-lançado na conta, "Austin", deste ano, ele também se apresenta pela primeira vez com uma banda completa. Ele mesmo empunhou sua guitarra ou violão em algumas das canções, que acabaram ganhando uma versão mais puxada para o rock ao vivo, movimento que Demi Lovato, ex-diva pop e atual roqueira, também fez no festival mais cedo.
De "Hollywood's Bleeding", de 2019, ele puxou para o setlist a parceria com Ozzy Osbourne "Take What You Want", canção que talvez melhor ilustre o momento de abertura do rapper a outros gêneros musicais. Com a voz de Ozzy ao fundo enquanto Malone grita, a mistura de heavy metal com as batidas de trap ganhou força com o solo de guitarra sendo executado ao vivo e com o baterista acompanhando.
Deste álbum também apareceram a parceria com Young Thug "Goodbyes" e "Circles", ambos exemplos da parte do repertório do artista que se dedica às canções de dor de cotovelo, feitas para serem cantadas com uma mão no peito e a outra levantando um copo para o alto.
O salto musical dos quatro anos que separam este álbum de 2019 de "Austin", de julho, pode ser sentido quando o americano canta "Mourning", única exemplar do disco mais recente a ser tocada no The Town.
Embora contenha alguma melancolia e fale sobre sobriedade, a música soa genérica, impressão que é potencializada pela faixa que vem depois, "I Like You (A Happier Song)", parceria com Doja Cat, tão radiofônica e pouco memorável quanto.
Melhores exemplos de um Malone melancólico são as acústicas "Feeling Whitney" e "Stay", que ele cantou enquanto Daniel Figueiredo, um músico que chamou da plateia, tocava violão.
Para as partes mais animadas do set, que fizeram o público molhado no autódromo pular e cantar, apareceram "Congratulations", o sucesso estrondoso de "Rockstar", claramente o seu maior hit, e "Sunflower", tema do filme "Homem-Aranha no Aranhaverso", de 2018 –outro grande sucesso e uma das canções que fecharam a apresentação, com o americano cumprimentando os fãs na grade enquanto parte do público torcia peças de roupas ensopadas antes de voltar para casa.
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