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Treinador chega para a vaga de Fernando Lázaro, demitido após derrota em casa na Libertadores O Corinthians anunciou Cuca como novo treinador da equipe. Ele chega para a vaga deixada por Fernando Lázaro, demitido nesta quinta-feira. O contrato é válido até o fim de 2023, quando acaba o mandato do presidente Duilio Monteiro Alves. Cuca - Técnico do Atlético-MGThiago Ribeiro/AGIF+ Fernando Lázaro não é mais técnico do Corinthians+ Corinthians colocou em risco o próprio futuro na Libertadores+ Tite reforça intenção de não trabalhar no Brasil em 2023A chegada do treinador representa uma ruptura na história recente do Corinthians. Após o rebaixamento em 2007, o Corinthians mudou seu modelo de trabalho. A inspiração era o United e o Arsenal. Tite e Mano Menezes delegavam funções aos auxiliares, que se concentravam em tarefas específicas como o treino da defesa à zona, a preparação física e a análise de desempenho. O CIFUT foi criado nessa época e virou referência.Esse modelo rendeu muitos títulos, incluindo o Mundial. Por isso o Corinthians apostou em Fernando Lázaro, Fabio Carille, Osmar Loss e Sylvinho. Carille foi tri-campeão Paulista e campeão brasileiro assim.Cuca quebra totalmente essa ideia. Chega com experiência, bons trabalhos e títulos por onde passou. Mas terá que driblar a rejeição por conta da identificação com rivais e a condenação de abuso sexual sofrida pelo técnico em 1987. Você gostou da contratação de Cuca pelo Corinthians? Estilo camaleônico e adaptação ao elencoÉ possível separar a carreira de Cuca em dois momentos: antes e depois do trabalho no Atlético-MG entre 2011 e 2013. Até 2013, Cuca era reconhecido por montar times muito ofensivos. Sua grande inspiração era Marcelo Bielsa. Ele montava um 3-4-3 em seus times, com jogadas rápidas ao ataque e uma marcação quase individual na defesa. Era comum seus times jogarem muito bem, mas "falharem" nos principais momentos da temporada. Foi assim no Botafogo em 2007 e no Cruzeiro em 2009.O Galo que venceu a Libertadores mudou Cuca. Ele deixou a mentalidade ofensiva um pouco de lado e formou times de marcação muito forte e saídas rápidas ao ataque. Usou muito um camisa 9 mais fixo que era pivô das muitas ligações diretas do Atlético com Jô do Palmeiras com Leandro Pereira ou Gabriel Jesus.Vamos ver algumas ideias que Cuca repete nos seus times:Ataques diretos e pontas de muita movimentaçãoOs times de Cuca sempre têm um camisa 9 de maior movimentação e jogadores rápidos e dribladores pelos lados. São pontas só na palavra, porque entram muito na área e têm liberdade de movimentação. Foi assim no Santos em 2020: um 4-3-3 com Kaio Jorge abrindo espaço para Marinho e Soteldo. Já no Galo, era um 4-4-2: Hulk e Vargas sem posição fixa na frente.Marinho gosta de sair da direita e conduzir a bola para a áreaReproduçãoE no Corinthians? A dupla Yuri Alberto e Roger Guedes é totalmente "Cuquista": goleadores, rápidos e que gostam de inverter posição. Adson ganha muito também. Quem desce é Romero, que mesmo atuando mais na referência, é um jogador que ainda não entrou no ritmo físico ideal. Construção mais lenta com um volante buscando o jogoCuca é um treinador camaleônico. O Galo de 2021 era um time bem paciente e que gostava de trocar muitos passes, rodar a bola e manter o controle do jogo. Para isso, Alan fazia o papel de uma saída de três, junto de Rabello e Nathan Silva). Assim a bola chegava redonda aos meias Nacho e Zaracho, que trocavam de posição e pensavam as jogadas lá de trás. Arana ataca um espaço pelo lado: inversões de jogo foram o ponto alto do GaloReproduçãoE no Corinthians? Fausto Vera pode fazer esse papel de saída de três. Roni não casa tanto com a proposta por não ser um jogador de tanto toque de bola, mas Renato Augusto e Giuliano é a dupla de meias ideias de Cuca: buscam a bola, vão girando, rodando, pensam o jogo. Será que vão ganhar sequência?Defesa com encaixes individuas muito intensosNão há treinador no Brasil que melhor treine os encaixes individuais por setor do que Cuca. Funciona assim: cada jogador tem um determinado setor. Uma área que é dele. Dentro desse setor, a principal referência de ação é o adversário. Se o adversário entra na zona, então ele deve ser marcado de perto. Veja um exemplo: dez santistas estão próximos dos adversários que estão em seus setores.Santos praticando os encaixes. Perceba Madson acompanhando PepêReprodução/Léo MirandaCom isso, não há formação de linhas na defesa. Todo mundo tem que seguir seu adversário e ir picotando o jogo. No Palmeiras, os encaixes eram tão intensos que a equipe gostava de roubar a bola e acelerar porque marcava muito bem.E no Corinthians? Gil, Balbuena e Fágner terão um grande desafio para se adaptar a esse estilo. Durante anos, eles jogaram numa marcação mais por zona, sem ficar perseguindo adversários. Implementar o "Cucabol" na defesa talvez será o maior desafio do treinador no Timão.As únicas vezes que Cuca mudou esse estilo foi no Santos, em 2018, e no São Paulo. Aliás, sua passagem pelo Tricolor foi uma decepção: Cuca não encontrou jogadores que queriam ficar correndo tanto sem a bola assim. Também não tinha jogadores de velocidade para seus ataques rápidos. Pediu para sair e deu lugar a Fernando Diniz.+ Trabalho de Cuca no Santos mostra o que há de melhor nos técnicos brasileiros+ Mobilidade e troca de posição: os conceitos táticos do campeão Atlético+ Duelo de estratégias: Cuca quebra os encaixes de Abel, que responde com troca da função de ScarpaNão é de hoje que o presidente do Timão, Duilio Monteiro Alves, e pessoas que o cercam consideram o treinador uma "cartada certa" para o Timão voltar a conquistar títulos. Aconteceu.